Adriana Caselotti, a voz (calada) da Branca de Neve

Talvez você nunca tenha ouvido falar de Adriana Caselotti, mas provavelmente já viu um filme em que ela trabalhou.

Filha de imigrantes italianos, Adriana Elena Loreta Caselotti nasceu em Bridgeport, Connecticut (EUA), no dia 6 maio de 1916. Toda a sua família se dedicava à ópera. Seu pai, Guido, era professor de música e canto, e sua mãe, Maria Orefice, cantava no Teatro da Ópera de Roma. Já a irmã mais velha, Louise, também era cantora, trabalhou em alguns filmes italianos e no rádio nos anos 1930 e dava aulas de canto. Maria Callas foi uma de suas alunas.

Quando Adriana tinha sete anos, a família retornou à Itália, onde ela foi educada em um convento próximo de Roma. Ao voltar para os Estados Unidos, três anos depois, a menina teve que reaprender inglês e passou a ter aulas de canto com o pai.

Mas o sonho de Adriana era o cinema. Em 1935, ela fez uma pequena ponta em Oh, Marieta! (Naughty Marietta), com Jeanette MacDonald e Nelson Eddy.

Um dia, ela ouviu Guido falando ao telefone com um representante da Disney, que buscava uma voz sem idade, amistosa, natural e inocente para dublar a protagonista em Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and the Seven Dwarfs, 1937). Centenas de meninas já haviam se candidatado, inclusive a futuramente famosa Deanna Durbin, mas o estúdio não estava satisfeito. Adriana pegou a extensão e se ofereceu para a vaga. Fez o teste e foi escolhida.


A produção foi um enorme sucesso e se tornou um marco da história do cinema. No entanto, ainda muito jovem, Adriana assinou um contrato muito vantajoso… para a Disney. Ela recebeu 970 dólares (pouco mais de 18 mil em valores atuais), não recebeu crédito pelo filme e não foi sequer convidada para a estreia. Além disso, o acordo previa que sua voz deveria ser exclusividade da personagem.

Walt Disney queria que ela permanecesse anônima e sua voz continuasse atrelada à Branca de Neve, para “não quebrar a ilusão”. Cerca de um ano depois, Jack Benny quis usá-la em seu programa de rádio, mas Disney não autorizou.

Com isso, Adriana teve dificuldades para desenvolver uma carreira artística. Depois de Branca de Neve, ela fez pequenas participações em O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939) e A felicidade não se compra (It’s a Wonderful Life, 1946), seu último filme.

Mais tarde, ela se dedicou ao ramo imobiliário e foi uma das primeiras mulheres corretoras da bolsa de valores de Nova York.

Pouco tempo depois de Branca de Neve, Caselotti e Harry Stockwell, que dublou o Príncipe, processaram a Disney por vender discos com as canções do filme, o que não estava previsto em contrato. No entanto, eles perderam a ação.

Apesar disso, Adriana manteve uma relação pacífica com o estúdio e continuou participando de eventos relacionados à Branca de Neve. Segundo o IMDb, a mensagem de sua secretária eletrônica era a gravação de “I’m Wishing” e ela costumava cantar as músicas do filme para as crianças que a visitavam. Em 1994, foi nomeada uma das Lendas da Disney.

Caselotti também fez uma participação no programa de TV de Julie Andrews, The Julie Andrews Hour, em 1972, e apareceu no talk show The Mike Douglas Show. Ela ainda escreveu um livro, Do You Like to Sing?

Adriana faleceu em 18 de janeiro de 1997, aos 80 anos.

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